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Nos passos de Aquilino

by Maria Joao Reynaud (Volume editor) Francisco Topa (Volume editor) John Thomas Greenfield (Volume editor)
©2016 Edited Collection 249 Pages
Series: CITCEM, Volume 11

Summary

A edição de Nos passos de Aquilino encerra um ciclo de homenagens a Aquilino Ribeiro (1885–1963), o Autor de A Casa Grande de Romarigães. Assinados por reconhecidos especialistas e investigadores de mérito, provenientes de diversos pontos do país e de França, os estudos aqui compilados procuram contrariar a tendência relativamente recente para o esquecimento de uma obra que alimentou o imaginário de sucessivas gerações de leitores e que constitui, hoje como ontem, um impressionante repositório da nossa língua viva. Embora muitas facetas do trabalho de Aquilino tenham ficado por debater, os passos aqui dados na peugada deste Mestre ficarão como um contributo digno para a celebração do cinquentenário da sua morte.

Table Of Contents

  • Cobertura
  • Título
  • Copyright
  • Sobre o autor
  • Sobre o livro
  • Este eBook pode ser citado
  • Índice
  • Nos passos de Aquilino (1963–2013): Nota de apresentação
  • José Carlos Seabra Pereira - “Subir à árvore da vida”: a poética vitalista de Aquilino
  • Carlos Reis - O universo ficcional de Aquilino Ribeiro: dispositivos de figuração
  • Armando Malheiro da Silva - Aquilino no(s) tempo(s): trajetória histórica
  • Ernesto Rodrigues - Aquilino em duas ficções antimonárquicas
  • Arnaldo Saraiva - Aquilino Ribeiro e Guimarães Rosa
  • Francisco Topa - Os brasileiros e o Brasil de Aquilino: o mineiro carioca e os outros
  • Álvaro Manuel Machado - Imagens da França e modelos literários franceses em Aquilino Ribeiro
  • Pedro Vilas Boas Tavares - Aquilino perante a teologia mística
  • António Manuel Ferreira - Aquilino e os servos de Deus
  • Rosa Maria Goulart - As “confissões” de Aquilino Ribeiro
  • José Cândido de Oliveira Martins - Retrato de Camilo na biografia romanceada de Aquilino Ribeiro
  • Maria João Reynaud - Retrato de Raul Brandão por Aquilino Ribeiro
  • Fernando Castro Branco - Aquilino na Presença: desencontros
  • Elsa Pereira - Itinerário de uma reescrita: Filhas de Babilónia e Andam Faunos pelos Bosques, de Aquilino Ribeiro
  • Rui Lage - O Demo na Arcádia: natureza, artifício e alegoria em Andam Faunos pelos Bosques
  • Clara Barros - Aspetos linguísticos da feição regionalista em Aquilino Ribeiro
  • Daniel-Henri Pageaux - A fábula segundo Aquilino Ribeiro: elementos para uma leitura do Romance da Raposa

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Nos passos de Aquilino (1963–2013):
Nota de apresentação

Com a publicação deste Livro, damos por concluído um ciclo de homenagens em torno de um dos maiores escritores de língua portuguesa do século XX. O primeiro momento deste ciclo foi assinalado pelo Colóquio Homenagem a Aquilino Ribeiro no Cinquentenário da sua Morte, que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos dias 11 e 12 de novembro de 2013, por iniciativa do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos e cientificamente coordenado pela Prof.ª Doutora Maria João Reynaud. Este encontro científico permitiu reunir um número significativo de estudiosos da obra aquiliniana e da sua receção, vindos de várias Universidades (Universidade de Lisboa; Universidade de Coimbra; Universidade de Aveiro; Universidade dos Açores; Universidade Católica Portuguesa); e, também, de especialistas em literatura comparada (Universidade Nova de Lisboa e Université de la Sorbonne – Paris III), além de docentes e investigadores da FLUP ligados a diversas áreas disciplinares (literatura portuguesa, literatura brasileira, estudos lusófonos, cultura portuguesa, linguística, ciências da comunicação, etc.), de modo a assegurar uma visão plural e a conferir a esta homenagem um elevado significado académico. No âmbito deste Colóquio foi aberta ao público a Exposição Bibliográfica Homenagem a Aquilino Ribeiro, organizada pela Biblioteca da Faculdade de Letras do Porto.

O segundo momento deste ciclo foi marcado, no dia 12 de novembro, pela sessão Memória de Aquilino, realizada no Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto, o mesmo lugar onde o escritor proferiu, poucos meses antes de falecer, uma inolvidável conferência, coroada pela prolongadíssima ovação de um público que assim lhe prestou o seu emocionado tributo. A moderação esteve a cargo da Dr.ª Nassalete Miranda, Diretora do periódico As Artes entre as Letras, e contou com a participação do poeta Fernando Echevarría e do romancista Miguel Miranda, além de outras personalidades que deram o seu testemunho sobre o Autor e a Obra.

A edição de Nos passos de Aquilino permite encerrar da melhor maneira o ciclo de homenagens ao Autor de A Casa Grande de Romarigães, porque verba volant, scripta manent.

Assinados por reconhecidos especialistas e por outros académicos e investigadores de mérito, provenientes de diversos pontos do país e de França, os estudos aqui compilados procuram contrariar a tendência relativamente recente para o esquecimento de uma obra que alimentou o imaginário de sucessivas gerações ← 7 | 8 → de leitores e que constitui, hoje como ontem, um impressionante repositório da nossa língua viva.

O volume abre com dois ensaios de conjunto, de José Carlos Seabra Pereira e de Carlos Reis, seguindo-se uma abordagem historicobiográfica de Aquilino por Armando Malheiro da Silva. Temos depois uma série de estudos sobre aspetos parcelares da obra do autor de O Malhadinhas, como a sua influência sobre Guimarães Rosa (estudada por Arnaldo Saraiva), a discussão de temas como a teologia mística e o clero (por parte de Pedro Vilas Boas Tavares e António Manuel Ferreira) e a análise de textos e obras específicos, a partir de metodologias diversas, dos estudos literários aos estudos genéticos, passando pela linguística.

Embora muitas facetas do trabalho de Aquilino tenham ficado por debater – o que seria inevitável, dada a sua extensão e diversidade –, cremos que os passos que demos na peugada deste Mestre ficarão como um contributo digno para a celebração do cinquentenário da sua morte.

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José Carlos Seabra Pereira

U. Coimbra / CIEC

“Subir à árvore da vida”:
a poética vitalista de Aquilino

Resumo: O presente ensaio procura avaliar «o legado de modernidade que a obra de Aquilino Ribeiro fecundamente gerou». Considerando «a primazia da Vida» como o traço diferencial da estética aquiliniana, o Autor percorre os seus romances mais importantes, procurando dilucidar «os aspetos temático-formais em que se plasma […] uma poética vitalista tecida de intuicionismo e voluntarismo pícaros ou cultivados», a qual traduz, de modo «saborosamente sensível uma visão irónica da condição humana».

Abstract: This article attempts to evaluate the legacy of modernity which Aquilino’s work has generated. Considering that the ‘primacy of life’ is the characteristic difference in Aquilino’s aesthetics, the author reviews the most important novels and endeavours to highlight the thematic-formal aspects which fashion a ‘poetics of vitalism made up of cunning or cultivated intuitionalism and voluntarism’ and which is translated, in a tastefully sensitive way, into an ironic vision of the human condition.

1. Polígrafo invulgar e excelente realizador de uma poética vitalista nos géneros e subgéneros de estreme ficção narrativa (romances, novelas e contos de índole vária), bem como em textos de hibridismo genológico, Aquilino Ribeiro desde cedo foi alvo de uma fortuna crítica que importa hoje rever, a par de uma releitura da sua obra em nova perspetiva.

Ao juízo reiterado do seu mais persistente e sabedor estudioso – o Óscar Lopes que o considera «a incontestavelmente segunda grande figura literária portuguesa» do século XX, logo após Fernando Pessoa –, viu Aquilino corresponder a pertinácia de um público reticente ou hostil e a fidelidade de um público entusiasta, mas cada vez menos numeroso no devir geracional das últimas décadas.

Essa oscilação do leitor comum tem sido paralela a um quadro nacional e internacional de receção crítica, ora lisonjeira, ora ingrata, nem sempre capaz de compreender e avaliar a obra de Aquilino segundo o que ele mesmo tinha por ideal crítico: «antes de mais nada, entrever o escritor na estrutura própria» («Preâmbulo» ao díptico de novelas O Servo de Deus e A Casa Roubada).

A partir dos presentes envenenados que se revelaram a temporã exaltação como escritor regionalista e a rápida consagração como “mestre da língua pátria”, os encómios estereotipados coabitaram com as reservas de uma crítica tributária ← 9 | 10 → de correntes estético-ideológicas em relação às quais se manteve cioso de autonomia (Presencismo, Neorrealismo, Neomodernismo), e com uma obstinada acrimónia ou persistente incompreensão da parte de setores tradicionalistas e religiosos (monárquicos, nacionalistas, situacionistas, por um lado; católicos, clericais, jesuíticos, por outro), e ainda com um prolongado alheamento dos estudos universitários, refletindo a miopia perante os vetores de modernidade da obra aquiliniana.

Embora passasse à margem da dinâmica de grupo dos modernistas de Orpheu e nunca tenha sentido atração consequente pelos rasgos das Vanguardas literárias, o jovem Aquilino Ribeiro contribuiu para a sua aclimatação em Portugal através das crónicas de artes plásticas enviadas de Paris; e aquele distanciamento não deve ser entendido como estreiteza provinciana ou tropismo de inércia estética. Por essa razão, e por múltiplas qualidades que a seu modo evidencia, a escrita vital de Aquilino não se cinge à recriação de um «Portugal que já não é» (como focou Joel Serrão, aliás por entre páginas de grande penetração crítica), nem merece ficar amarrada ao tópico do «regresso da nossa literatura a uma autenticidade regional, provinciana ou vernacular, como reacção à francesia lítero-lisboeta do século de Oitocentos».

São, esses, juízos redutores perante a efetiva mudança de horizonte cultural e de critérios estético-literários que o espírito e a forma da sua obra ficcional e histórico-crítica implicam.

O «genial rapsodo popular», que Vitorino Nemésio viu em Aquilino, demonstra «acuidade de imaginação sensível», «veia satírica» e criatividade estilística de escritor cultivado, que até o reticente José Régio fez questão de evidenciar. Mas, com tudo isso, e para além disso, Aquilino traz, ao Portugal da primeira metade de Novecentos, fatores de rutura de mentalidade e de gosto cuja amplitude e profundeza mais tarde, pela alteração do contexto sociológico e cultural, se tornaram menos percetíveis. Em contrapartida, outros vetores de modernidade temático-formal – correspondentes à consciência dos requisitos da «moderna arte literária», que logo em 1918 Aquilino explicitava em posfácio de A Via Sinuosa – só agora encontram um horizonte de receção adequado, tendo escapado aos leitores, aos críticos e aos mentores de sucessivas gerações.

Details

Pages
249
Year
2016
ISBN (PDF)
9783653063882
ISBN (ePUB)
9783653955415
ISBN (MOBI)
9783653955408
ISBN (Hardcover)
9783631669068
DOI
10.3726/978-3-653-06388-2
Language
Spanish; Castilian
Publication date
2015 (December)
Keywords
Língua Portuguesa Aquilino Ribeiro Poética Ficção Século XX Literatura Portuguesa
Published
Frankfurt am Main, Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Wien, 2016. 249 p., 9 fig. preto e branco

Biographical notes

Maria Joao Reynaud (Volume editor) Francisco Topa (Volume editor) John Thomas Greenfield (Volume editor)

Os editores deste volume (Maria João Reynaud, Francisco Topa e John Greenfield) são professores da área dos estudos literários na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e investigadores na unidade de I & D CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória»), financiada pela FCT.

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