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O imperador Maximiliano I, a alta finança alemã e os Descobrimentos Portugueses

by Jürgen Pohle (Author)
©2019 Monographs 162 Pages
Series: passagem, Volume 13

Summary

Em 2019 celebra-se o V Centenário da morte do imperador Maximiliano I (1459-1519), filho do imperador Frederico III da Casa de Habsburgo e de D. Leonor da Casa de Avis. Não obstante as suas raízes portuguesas, a historiografia lusófona não concedeu muita atenção às relações de Maximiliano com Portugal. O imperador estabeleceu laços estreitos e amigáveis com os seus primos direitos, D. João II e D. Manuel I, que conduziram Portugal ao apogeu da sua História na denominada Era da Expansão Europeia. Tal como estes, Maximiliano foi um autêntico Príncipe do Renascimento, fascinado pelos Descobrimentos Portugueses. Revelou-se, segundo resultados mais recentes da investigação histórica, um monarca mais visionário e moderno do que Carlos V, seu neto e sucessor.

Table Of Contents

  • Cobertura
  • Título
  • Copyright
  • Sobre o autor
  • Sobre o livro
  • Este eBook pode ser citado
  • Agradecimentos
  • Índice
  • 1. Introdução
  • 2. As relações político-dinásticas entre as Casas de Avis e de Habsburgo até 1495
  • 3. Maximiliano I, os mercadores e humanistas de Nuremberga e os Descobrimentos Portugueses (em finais do século XV)
  • 4. Maximiliano I e a participação da alta finança alemã nas expedições ultramarinas de Portugal
  • 4.1 «Os primeiros alemães a procurar a Índia»
  • 4.2 A colecção de Conrad Peutinger e a de Valentim Fernandes sobre os Descobrimentos Portugueses
  • 5. Maximiliano I e D. Manuel I: dois Príncipes do Renascimento
  • 5.1 Primeiros contactos
  • 5.2 Expansão Portuguesa e a «herança portuguesa» no projecto imperial de Maximiliano I
  • 5.3 As relações político-dinásticas
  • 6. A alta finança alemã e a Expansão Portuguesa
  • 6.1 As trocas comerciais
  • 6.2 Os mercadores da Alta Alemanha e a colónia alemã em Lisboa
  • 7. Conclusão
  • 8. Bibliografia
  • 8.1 Fontes
  • 8.2 Estudos
  • Obras publicadas na série

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1.  Introdução

A ideia de trabalhar o presente tema surgiu durante a execução de um outro estudo sobre Os mercadores-banqueiros alemães e a Expansão Portuguesa no reinado de D. Manuel I.1 Nesse estudo constatei que o sacro imperador romano-germânico, Maximiliano I, seguia com muito interesse o desenrolar dos Descobrimentos Portugueses, quer por motivos humanísticos, quer por motivos políticos e económicos e, evidentemente, também por razões familiares, uma vez que era filho da irmã de D. Afonso V, D. Leonor, e primo direito de D. João II e D. Manuel I. Deparei-me, ainda, com o facto de que o envolvimento de Maximiliano, neste capítulo tão importante da História de Portugal, não havia sido suficientemente destacado na historiografia portuguesa. Até ao momento existem apenas dois artigos em língua portuguesa, da autoria de Peter Krendl2 e de Manuela Mendonça3, respectivamente, que abordam esta temática. Esta circunstância é duplamente surpreendente: primeiro, porque se trata de uma personagem de grande relevo no Ocidente, nada mais, nada menos do que a mais alta autoridade profana da res publica christiana. E, em segundo lugar, porque este imperador tinha, como já referi, raízes portuguesas. Por isso, propus-me dar maior enfoque a esta figura histórica com a intenção de facilitar uma aproximação das Histórias de Portugal e do Sacro Império Romano- -Germânico.

Em 2019 comemora-se o quinto centenário da morte de Maximiliano I pelo que é expectável que, a nível internacional, tenha lugar uma vasta ocupação intelectual com a história do imperador e do mundo que o rodeava. Nesta conjuntura ← 13 | 14 → é minha intenção apresentar, em língua portuguesa, um pequeno contributo no contexto desta comemoração.

O presente estudo divide-se em cinco capítulos temáticos. Inicia-se com uma abordagem da génese das relações político-diplomáticas entre as Casas de Avis e de Habsburgo no século XV, dando destaque ao casamento real de 1451 entre o sacro imperador Frederico III e D. Leonor e às relações diplomáticas estabecelecidas entre Maximiliano I e D. João II. O capítulo subsequente (3.) é dedicado à recepção dos acontecimentos relativos aos Descobrimentos Portugueses em Nuremberga em finais do século XV, dado que um círculo de mercadores e humanistas daquela cidade viria a chamar a atenção de Maximiliano relativamente às viagens dos Descobrimentos. No início de Quinhentos encontramos a alta finança alemã em Portugal como, por exemplo, as célebres casas comerciais dos Fugger e dos Welser de Augsburgo. Gozando da ajuda do imperador estes mercadores-banqueiros da Alta Alemanha4 conseguiram fixar-se em território português com um estatuto privilegiado, outorgado por D. Manuel I, e participar directamente em viagens portuguesas à Índia. Estes temas encontram-se em foco no capítulo 4.1. Um segundo subcapítulo ocupa-se com dois intermediários relevantes neste contexto e com as suas colecções de documentos sobre os Descobrimentos Portugueses, mais precisamente com Conrad Peutinger, humanista e conselheiro de Maximiliano, e Valentim Fernandes. O capítulo 5, subdividido em três partes, aborda os múltiplos contactos, que se deixam documentar desde 1499, entre Maximiliano I e D. Manuel I. No centro deste capítulo encontram-se as relações político-dinásticas e as ideias imperiais dos dois monarcas que se revelaram como verdadeiros Príncipes do Renascimento. Por último, o capítulo 6 dedica-se às actividades das casas comerciais da Alta Alemanha em Portugal e no ultramar, bem como à vida dos seus representantes na colónia alemã em Lisboa. ← 14 | 15 →

O presente estudo baseia-se em diversas comunicações proferidas nos últimos anos5, bem como em estudos recentemente publicados.6 Em todos estes contributos a minha intenção crucial consistiu em destacar o papel do imperador e dos mercadores-banqueiros alemães no contexto da História da Expansão Portuguesa. Desde a sua infância até à sua morte os Descobrimentos fascinaram Maximiliano I e conduziram indubitavelmente a um aumento muito significativo das relações luso-alemãs, nomeadamente as ligações económicas entre a Coroa portuguesa e a alta finança alemã ganharam uma outra dimensão, atingindo, precisamente neste tempo, o seu expoente máximo. ← 15 | 16 →


1 Jürgen POHLE, Os mercadores-banqueiros alemães e a Expansão Portuguesa no reinado de D. Manuel I, Lisboa, 2017 [Disponível em https://run.unl.pt/bitstream/10362/38843/2/MercadoresAlemaes.pdf].

2 Peter KRENDL, «O Imperador Maximiliano I e Portugal», in Ludwig Scheidl/ José A. Palma Caetano, Relações entre Portugal e a Áustria. Testemunhos históricos e culturais, Coimbra, 2002, pp. 87–110 [1.ª ed.: 1985].

3 Manuela MENDONÇA, «D. João II e Maximiliano, Rei dos Romanos. Contribuição para a História das Relações luso-germânicas (1494)», in idem, Relações externas de Portugal nos finais da Idade Média, Lisboa, 1994, pp. 91–124. Este artigo foi publicado anteriormente sob o título «Alguns aspectos das relações externas de D. João II» (in Congresso internacional ‘Bartolomeu Dias e a sua época’. Actas, vol. 1, Porto, 1989, pp. 333–358).

4 No Sacro Império Romano-Germânico há que distinguir, entre outras regiões, uma Baixa Alemanha, que se refere às planícies do Norte, e uma Alta Alemanha, que se situa no Sul com uma topografia mais montanhosa. Nesta Alta Alemanha destacavam-se, na Idade Média Tardia e no início da Idade Moderna, as cidades de Nuremberga e de Augsburgo, onde se encontrava a alta finança alemã.

5 Trata-se mais precisamente das seguintes comunicações: «D. Manuel I e o imperador Maximiliano I: as ligações político-dinásticas entre dois Príncipes do Renascimento» [no âmbito do workshop «Renascimento(s) em Portugal ou Renascimento Português?» (CHAM, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, 21.-22.10.2014)]; «Maximiliano I, os mercadores e humanistas de Nuremberga e a Expansão Portuguesa (em finais do século XV)» [no âmbito do workshop internacional «Renaissance Craftsmen and Humanistic Scholars: European Circulation of Knowledge between Portugal and Germany» (Biblioteca Nacional de Portugal, 20.-21.11.2014)]; «Maximiliano I e a alta finança alemã estabelecida em Lisboa» [no âmbito do workshop «Comunidades estrangeiras em Lisboa (séculos XV a XVIII)» (CHAM, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, 21.1.2015)]; «Açúcar, pimenta, pedras preciosas: o impacto económico da Expansão Portuguesa na Alemanha na viragem do século XV para o século XVI» [no âmbito do Colóquio Internacional “Novas fronteiras – novas culturas. O impacto económico da Expansão Portuguesa na Europa (séculos XV–XVII)” (Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa e CHAM, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, 24.-26.11.2016)]; «“Sem cobre e prata nada de especiarias”: notas sobre a importação de metais alemães em Portugal no início do século XVI» [no âmbito do Congresso Internacional “Portugal e a Europa nos séculos XV e XVI. Olhares, relações, identidade(s)” (FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, 20.-21.4.2017)]; «A discussão dos Descobrimentos Portugueses no círculo erudito de Nuremberga em finais do século XV» [no âmbito do Colóquio Internacional “Renascimentos europeus: diálogo(s) sem fronteira(s)?” (CHAM, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa, 4.-5.12.2017)].

6 Cf. J. POHLE, Os mercadores-banqueiros alemães, cit.; idem, «Os primeiros alemães a procurar a Índia: Maximiliano I, Conrad Peutinger e a alta finança alemã estabelecida em Lisboa», AMMENTU. Bollettino Storico e Archivistico del Mediterraneo e delle Americhe, 7 (2015), pp. 19–28 [Disponível em http://www.centrostudisea.it/attachments/article/205/Ammentu%20007%202015.pdf ]; idem, «Rivalidades e cooperação: algumas notas sobre as casas comerciais alemãs em Lisboa no início de Quinhentos», Cadernos do Arquivo Municipal, 2.ª série, n.º 3 (2015), pp. 19–38 [Disponível em http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/Cadernos/2serie/3/03_alema.pdf ]; idem, «Kaiser Maximilian I. und die Rezeption der portugiesischen Entdeckungen im Nürnberger Kaufmanns- und Gelehrtenkreis am Ende des 15. Jahrhunderts», in Thomas Horst/ Marília dos Santos Lopes/ Henrique Leitão (eds.), Renaissance Craftsmen and Humanistic Scholars: Circulation of Knowledge between Portugal and Germany, Frankfurt am Main, 2017, pp. 57–71.

Details

Pages
162
Year
2019
ISBN (PDF)
9783631793558
ISBN (ePUB)
9783631793565
ISBN (MOBI)
9783631793572
ISBN (Hardcover)
9783631790366
DOI
10.3726/b15789
Language
Portuguese
Publication date
2019 (July)
Keywords
Relações luso-alemãs Expansão Portuguesa História político-diplomática História Moderna (sécs. XV e XVI) Comércio ultramarino Mercadores-banqueiros Globalização Mundos novos Renascimento
Published
Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Warszawa, Wien, 2019. 160 S.

Biographical notes

Jürgen Pohle (Author)

Jürgen Pohle é doutorado em História pela Albertus-Magnus-Universität zu Köln. Leccionou na Universidade Autónoma de Lisboa e na Universidade Atlântica (Oeiras). É investigador integrado no Centro de Humanidades (CHAM, FCSH) da Universidade NOVA de Lisboa. No centro das suas investigações encontra-se a história das relações luso-alemãs no alvorecer da Modernidade (sécs. XV e XVI).

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