Uma Arena de Vozes / Arena der Stimmen
Intermedialidades e intertextualidades em literatura e cinema da América Latina, África Lusófona e Portugal / Intermedialität und Intertextualität in Literatur und Film aus Lateinamerika, Lusoafrika und Portugal
Zusammenfassung
Os artigos reunidos nesta coletânea dedicam-se ao enlace de várias vozes nos textos literários e fílmicos da América Latina, África Lusófona e Portugal e suas relações intermediais, intertextuais e transculturais. Situam-se entre questões e discursos coloniais e pós-coloniais, que até hoje reverberam na produção cultural do mundo lusófono. A linguagem torna-se uma arena, na qual é debatida de diferentes perspectivas uma grande variedade de narrativas sobre a (re-)encenação de história, memória, morte e tabus nas culturas lusófonas.
Leseprobe
Inhaltsverzeichnis
- Cobertura
- Título
- Copyright
- Sobre o autor
- Sobre o livro
- Este eBook pode ser citado
- Vorwort
- Inhaltsverzeichnis
- Propostas de reorganização dos imaginários da Conferência de Berlim como lugar de memória em Angola e entre os Angolanos (Alberto Oliveira Pinto)
- ‘Tradição’: chances e riscos de um conceito multifacetado no discurso pós-colonial (Martin Neumann)
- Naufrágio com Criança: passagens e limiares na filmografia lusoafricana (Kathrin Sartingen)
- Die Vielfalt der Stimmen: Intertextualität und Intermedialität in den Erzählungen von Rubem Fonseca und im Film Cobrador: In God we trust von Paul Leduc (Marita Rainsborough)
- Der König von Babel: Kannibalismus und Übersetzen in Brasilien (Melanie P. Strasser)
- Von Aqopiya über Oberhausen: die vielsprachige Stimme von Gregorio Condori Mamani (Hans Fernández)
- Comédias à portuguesa 2.0: “Novos clássicos”? (Igor Metzeltin)
- Tabus a propósito de Tabu de Miguel Gomes (Cláudia Fernandes)
- Autoren und Autorinnen
- Obras publicadas na série
Universidade de Lisboa
Introdução
A Conferência de Berlim, que decorreu entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, foi uma cimeira europeia destinada a definir os princípios fundamentais de Direito Internacional que norteariam, nos anos subsequentes, a partilha colonial de territórios da Ásia Menor, da Ásia Meridional (Índia), do Magrebe (África do Norte) e da África Subsariana. Reuniu representantes de 13 Estados europeus: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Holanda/Luxemburgo, Itália, Império Austro-Húngaro, Império Otomano, Portugal, Reino da Suécia e Noruega e Rússia. Foi admitido um 14º Estado não europeu, apenas como observador e sem direito a voto: os Estados Unidos da América. Não esteve nela representado nenhum Estado asiático nem africano. No entanto, tratou-se de um facto histórico determinante para o futuro, quer da Europa, quer dos territórios do mundo cuja partilha colonial o convénio visava legitimar. As fronteiras geográficas coloniais delineadas em sua consequência tornar-se-iam as fronteiras políticas dos Estados asiáticos e africanos que ascenderam à Independência depois da Conferência de Bandung de 1955. Por se ter tornado, ao mesmo tempo, objecto de silenciamentos e de mitificações, coloniais e pós-coloniais, aplica-se à Conferência de Berlim o postulado de Pierre Nora da passagem da memória colectiva para a memória histórica, pelo que, só por si, a Conferência de Berlim constitui um lugar de memória susceptível de servir a reorganização dos imaginários. Como?
Centrando-nos no caso angolano, começaremos por abordar os antecedentes conjunturais da Conferência de Berlim – a disputa europeia pela Bacia do Congo/Zaire – procedendo depois a uma apreciação dos princípios nela consagrados e das reacções que suscitaram em Portugal e em Angola, interrogando-nos sobre os imaginários a que deu lugar nos dois países, para por fim inventariarmos algumas propostas de análise que julgamos pertinentes à reorganização hodierna desses imaginários. ← 9 | 10 →
A disputa europeia pela Bacia do Congo/Zaire entre a Grã-Bretanha, Leopoldo II da Bélgica, a Alemanha e a França (c. 1870–c. 1881)
Embora o objectivo da Conferência de Berlim incidisse sobre a partilha de quatro grandes regiões do globo – a Ásia Menor, a Índia, o Magrebe e a África Subsariana –, os seus antecedentes imediatos prenderam-se com a chamada “Corrida à África” [Subsariana] (Scramble for Africa), incentivada já na primeira metade do século XIX, após as independências americanas. Acentuar-se-ia no último quartel do século, depois de a Grã-Bretanha ter perdido, entre as potências europeias, a hegemonia que detinha desde o Congresso de Viena de 1815. E seria determinante a intervenção de cinco potências da Europa: a Grã-Bretanha, a França, a Bélgica, a Alemanha e Portugal.
Entre 1852 e 1856, o médico, prospector, missionário e explorador escocês David Livingstone efectuou duas travessias da África subsariana, nos dois sentidos, e foi considerado um herói nacional na Grã-Bretanha. Na década de 1860, outros exploradores britânicos – Richard Burton, John Hanning Speke e Samuel Baker – foram os primeiros Europeus a “descobrir” o Lago Tanganica e o Lago Vitória, que tomaram por nascentes do Nilo. Mas, no respeitante ao Congo/Zaire, os Britânicos limitavam-se ao patrulhamento naval costeiro, dificultando as veleidades portuguesas para norte do rio Loje, e à instalação de feitorias comerciais muito próximas da foz. Em 1866, a Grã-Bretanha vitoriana viu com orgulho o seu “herói nacional” tornar a embrenhar-se ousadamente pelo “continente misterioso”. Além de eleito o primeiro homem a efectuar a grande travessia de ida e volta da África Central – fabulação da autoria de quem ignorava ou quis ignorar a viagem dos angolanos Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, pombeiros de Honorato da Costa, efectuada meio século antes –, Livingstone personificava a tríade dos principais argumentos coloniais que, sendo ao tempo ainda esgrimidos basicamente pela Grã-Bretanha e pela França, não tardariam a ser apropriados por outras potências europeias empurradas para a “Corrida à África”:
I) A busca de matérias-primas;
II) A “missão civilizadora”, traduzida pelo evangelismo cristão;
III) A retórica do antiesclavagismo.
Details
- Seiten
- 126
- ISBN (PDF)
- 9783631756430
- ISBN (ePUB)
- 9783631756447
- ISBN (MOBI)
- 9783631756454
- ISBN (Hardcover)
- 9783631719169
- DOI
- 10.3726/b14130
- Sprache
- Deutsch
- Erscheinungsdatum
- 2018 (Oktober)
- Schlagworte
- Estudos Fílmicos Übersetzungswissenschaft Estudos de Tradução Portugiesische, Lateinamerikanische und Luso-Afrikanische Literatur Literatura Portuguesa, Brasileira e Luso-Africana Portugiesische, Lateinamerikanische und Luso-Afrikanische Geschichte, Kultur- und Landeskunde Cultura e História Portuguesa, Latino-americana e Luso-Africana Filmwissenschaft
- Erschienen
- Berlin, Bern, Bruxelles, New York, Oxford, Warszawa, Wien. 2018. 3 s/w Tab.
- Produktsicherheit
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