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Contos Populares Portugueses do Canadá / Portuguese Folktales from Canada

by Manuel da Costa Fontes (Author)
©2022 Monographs LXXXIV, 574 Pages

Summary

Este livro, que contribui para a preservação duma tradição oral em vias de desaparecimento, inclui 116 contos de carácter indo-europeu gravados a 28 informantes do Norte de Portugal e dos Açores no Canadá. Os contos foram fielmente transcritos. A introdução, em português e inglês, apresenta um panorama da imigração portuguesa para aquele país. Cada conto é precedido por um resumo em inglês, e classificado segundo o catálogo internacional de Hans-Jörg Uther. Além de apresentar uma lista de variantes lusófonas (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor), a classificação inclui uma secção dedicada à área cultural ibérica: Espanha, América espanhola, e Sefarditas. Este livro, que também é de grande valor linguístico, acaba com quatro apêndices: vocabulário, informantes, motivos e tipos-conto.
This book, which contributes to the preservation of a fast disappearing oral tradition, includes 116 faithfully transcribed Indo-European folktales recorded by 28 informants from Northern Portugal and the Azores but now living in Canada. The introduction, in Portuguese and English, presents an overview of Portuguese immigration to that country. Each folktale is preceded by an English summary, and classified according to Hans-Jörg Uther’s international catalog. Besides listing versions from the Portuguese-speaking world (Portugal, Brazil, Angola, Cape Verde, Goa, Guinea-Bissau, Mozambique, Timor), Paulo Correia’s classification includes a section dedicated to the Iberian cultural area (Spain, Spanish America, and the Sephardim). This book, which is also of great linguistic value, ends with four appendices: vocabulary, informants, motifs and taletypes.

Table Of Contents

  • Cobertura
  • Título
  • Copyright
  • Sobre o autor
  • Sobre o livro
  • Este eBook pode ser citado
  • ÍNDICE
  • Prefácio
  • Introdução
  • Preface
  • Introduction
  • Bibliografia / Bibliography
  • CONTOS DE ANIMAIS / ANIMAL TALES
  • 1. A Raposa e as Sardinhas
  • 2. O Lobo e a Raposa, Compadres
  • 3. A Raposa e o Leão
  • 4. A Raposa e as Uvas
  • 5. A Cegonha e a Raposa
  • 6. O Galo e a Raposa
  • 7. O Sermão das Gralhas
  • 8. O Rato do Campo e o Rato da Cidade
  • 9A. O Lobo e a Vaca
  • 9B. O Burro, o Lobo e a Raposa
  • 10. Os Animais Velhos e os Ladrões
  • 11. A Raposa e os Pintos
  • 12. O Lavrador e o Leão
  • 13. O Leão e o Homem
  • 14. A Formiga e o Leão
  • 15. O Paspalhás
  • 16. O Papagaio
  • CONTOS MARAVILHOSOS / TALES OF MAGIC
  • 17. O Arranca-Tocas
  • 18. A Menina das Sete Chinelas
  • 19A. Brancaflor
  • 19B. Brancaflor
  • 20. A Genoveva
  • 21. O Menino Pulgar
  • 22. João Soldado
  • 23. O Capuchinho Vermelho
  • 24. O Urso Encantado
  • 25A. A Menina do Sapato de Ouro
  • 25B. A Gata Borralheira
  • 26. A Princesa do Verde
  • 27. O Barco de Casca de Abóbora
  • 28A. A Velha das Três Faveirinhas
  • 28B. A Peneira
  • 29. O Pinto Calçudo
  • 30. As Laranjinhas de Ouro
  • 31A. Feiticeira, Bruxa
  • 31B. O Homem e a Bruxa
  • CONTOS RELIGIOSOS / RELIGIOUS TALES
  • 32. O Sapateiro
  • 33. Bom Dia, Minha Mãe
  • 34. Porque os Homens São Diferentes das Mulheres
  • 35. O Sábio Cientista
  • 36. Os Cabelos de Ouro
  • 37. Os Ovos Cozidos
  • 38. A Camisa do Homem Feliz
  • CONTOS REALISTAS (NOVELESCOS) / NOVELLE
  • 39. O Pele de Asno
  • 40. João de Calais
  • 41. A Aposta
  • 42. A Mulher do Capitão
  • 43. O Verdadeiro Amigo
  • 44A. Deus o Sabe e Ele o Sente
  • 44B. Os Quatro Vinténs
  • 44C. Os Doze Vinténs
  • 44D. Os Quatro Vinténs
  • 45A. O Sal
  • 45B. O Sal
  • 45C. A Gata Borralheira
  • 46. O Homem que Chegou a Ser Rei
  • 47A. Os Quarenta Ladrões
  • 47B. Abre-te, Susana
  • 48. A Irmã Mais Nova e o Ladrão
  • 49. O Ladrão Escondido Debaixo da Cama
  • 50A. O Segredo das Mulheres
  • 50B. A Denúncia das Perdizes
  • 51. Os Dois Namorados
  • 52. A Manta
  • 53. Nem Sempre Galinha
  • CONTOS JOCOSOS / JOKES AND ANECDOTES
  • 54. A Viagem do Cavalo para o Brasil
  • 55. A Corda
  • 56. O Marido que se Fez Morto
  • 57A. Quem Queria Morrer Primeiro
  • 57B. Os Velhinhos e a Morte
  • 57C. Os Velhinhos e a Morte
  • 58. A Viúva Casada com o Moço de Braga
  • 59. O Mundo Inteiro
  • 60. A Charrobia da Praia
  • 61. O Criado e a Amante do Padre
  • 62. O Galo Caçador
  • 63. A Penicada
  • 64. O Homem que Tinha Vontade de Bater na Mulher
  • 65. O Telefonema para o Céu
  • 66. Outro para a França
  • 67A. O Entra e Sai
  • 67B. Entra e Não Sai
  • 68. A Mulher que não Abria a Porta sem Saber a Quem
  • 69. O Abade Abadorro
  • 70. O Soldado e a Velha
  • 71. O Passarinho Debaixo do Chapéu
  • 72. Uma Mula Igual à Minha
  • 73. A Cara do Finado
  • 74. O Maio
  • 75A. A Honra da Princesa
  • 75B. A Honra da Filha
  • 76A. O Criado Com um Nome Muito Feio
  • 76B. O João Toleirão
  • 77. Nada, Sua Puta
  • 78A. O Cão de Cristo
  • 78B. O Papa-Óstias
  • 78C. O Cura e a Criada
  • 79. As Três Boleias
  • 80. O Anão Gigante
  • 81. O Médico Fingido
  • 82. A Tecedeira
  • 83A. O Quinhão do Defunto
  • 83B. Na Barriga deste Morto
  • 84A. O Prego no Cemitério
  • 84B. O Capote Pregado no Cemitério
  • 85. A Caveira
  • 86. Aquela Coisa de Mijar
  • 87. Como os Cães Fazem às Cadelas
  • 88. Os Namorados
  • 89. O Pai da Noiva e os Três Pretendentes
  • 90. Inchar um Burro
  • 91A. Os Três Tontos
  • 91B. Os Três Tolos
  • 91C. Os Três Tolos na França
  • 92. As Cadeiras da Irmã
  • 93. As Comadres a Fazer Pão
  • 94. Os Olhos da Sardinha
  • 95. A Púcara
  • 96A. Os Três Pretendentes
  • 96B. A Maria Garcia
  • 97. A Vingança do Irmão da Criada do Padre
  • 98. As Couves do Padre
  • 99. A Vaquinha
  • 100A. A Vaca do Senhor Cura
  • 100B. A Vaca do Padre Tchiquito
  • 100C. O Padre Parola
  • 101. O Padre e o Bezerro
  • 102. As Galinhas do Senhor Padre
  • 103. As Mulheres do Senhor Padre
  • 104. O Sermão e os Alfinetes
  • 105. As Duas Galinhas do Senhor Padre
  • 106. Os Afilhados de Salazar
  • 107. Maria Acha
  • 108. As Couves do Horto
  • 109A. Os Dois Galegos
  • 109B. O João Galego
  • 109C. Notícias da Nossa Terra
  • 110A. De Onde Vêm os Meninos?
  • 110B. De Onde Vêm os Meninos?
  • 111. As Couves do Pai
  • CONTOS FORMULÍSTICOS / FORMULA TALES
  • 112. As Doze Palavras Ditas e Retornadas
  • 113. A Piada do Caracol Falada ao Contrário
  • 114A. O João Ratão
  • 114B. A Carochinha
  • 115. O Conto das Calças Azuis
  • SEM CLASSIFICAÇÃO / WITHOUT CLASSIFICATION
  • 116. Doncilhõ e Filó-Filó
  • 117. A Maçã Podre
  • 118. As Duas Porcas e a Cevada
  • 119. A Princesa que Nunca Sorria
  • 120. O Rabo a Arder
  • 121. O Rapaz que Dorme com a Mãe para Curá-la
  • 122. A Mulher do Emigrante Brasileiro
  • 123. A Pevide de Melancia
  • 124. O Chapéu do Bocage
  • 125. O Chapéu e o Bengaleiro
  • 126. O Peixe de Três F’s
  • 127. O Bocage Responde à Rainha
  • 128. Os Cientistas Espanhóis
  • 129. Na Igreja de Argozelo
  • 130. O Baiano em São Paulo
  • 131. O Burro e a Brasileira
  • 132. Os Espirros do Professor
  • 133. Salazar e Damão
  • 134. Nossa Senhora, não Mande Chuva
  • 135. Lenda de Nossa Senhora do Monte
  • 136. História do Nazo
  • 137. História do Mouro
  • 138. A Senhora da Luz
  • 139. A Cruz Quebrada
  • Vocabulário / Vocabulary
  • Informantes / Informants
  • Motivos / Motifs
  • Tipos / Tale Types
  • Obras publicadas na série

←xii | xiii→

PREFÁCIO

Esta é a segunda de três colecções de contos populares portugueses gravados entre imigrantes portugueses da América do Norte – Califórnia, Canadá e Massachusetts. Foi recolhida e transcrita graças a uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation (de Junho 1984 a Maio de 1985). Ao contrário das outras duas colecções, que são exclusivamente açorianas, esta inclui importantes contribuições por parte de informantes naturais de Trás-os-Montes e da Beira Alta. Embora a tradição seja a mesma, enriqueceram a colecção com alguns contos que não se encontram nos Açores – por exemplo, há mais histórias de animais no Continente – e também desde um ponto de vista linguístico, com passagens e palavras em mirandês e espanhol.

Como os Açores se encontram isolados no meio do mar, sem vizinhos, também rareiam as anedotas sobre estrangeiros, ao passo que, na metrópole, existem anedotas sobre os nossos vizinhos espanhóis, incluindo os galegos que vinham trabalhar em Portugal.

Paulo Jorge Correia, co-autor do catálogo do conto popular português que tanta falta fazia1, encarregou-se da classificação internacional, incluindo ←xiii | xiv→também paralelos lusófonos (Portugal e Brasil, seguidos de Angola, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor), hispânicos e sefarditas.

Os meus agradecimentos aos párocos e a dois centros de assistência social ao imigrante que nos ajudaram a encontrar informantes: a Casa de S. Cristóvão (Saint Christopher’s House), um centro para pessoas idosas onde havia muitos portugueses, e o Centro Comunitário Português, cuja missão era ajudar os imigrantes.

Paulo Jorge Correia corrigiu o meu ferrugento português e Natacha Fontes-Merz reviu o prefácio, a introdução e os resumos em inglês. O falecido David Higgs2 forneceu uma orientação inicial à comunidade de Toronto, indicando as organizações que podiam ajudar a encontrar informantes. Irene Blayer deu valiosas sugestões bibliográficas, assim como José Carlos Teixeira, a quem devo também uma leitura atenta da introdução. Meus pais, João e Filomena Fontes, e minha esposa, Maria-João, ajudaram com as transcrições, escutando as fitas comigo quando eu tinha dúvidas. Sandra Mónica Olim digitalizou os textos, os quais tinham sido originalmente dactilografados com uma velha máquina de escrever. Minha esposa também me acompanhou nesta e em quase todas as recolhas que fiz a partir de 1974. Finalmente, devo expressar a minha gratidão aos informantes que nos receberam em suas casas e tornaram possível a presente colecção.

Este livro vai dedicado à memória de uma falecida amiga, Maria Aliete Galhoz. Além de pioneira nos estudos pessoanos, poetisa e investigadora literária, também nos deixou importantes recolhas de romances, contos, cancioneiro, incluindo cantigas paralelísticas, e estudos indispensáveis sobre a tradição oral.

←xiv | xv→

INTRODUÇÃO

I. Os Portugueses no Canadá1

Embora os portugueses se encontrem entre os primeiros europeus a explorar o Atlântico Setentrional, a falta de documentação não permite uma fixação categórica da data em que chegaram ao Canadá. Isto deve-se em parte à política de sigilo seguida pelo governo português em relação a novas descobertas. Na opinião de Jaime Cortesão, Diogo de Teive teria chegado à costa norte-americana em 1452. Segundo uma tradição açoriana publicada no século XVI por Gaspar Frutuoso em Saudades da Terra, João Vaz Corte-Real e Álvaro Martins Homem teriam descoberto a Terra Nova antes de 1474. Sabe-se que dois terceirenses, João Fernandes “O Lavrador” e Pedro Barcelos exploraram, por volta de 1495 ou 1496, partes da Gronelândia, a qual passou a ser designada nos mapas da época como a Terra do Labrador. Esse nome foi transferido mais tarde para a costa canadiana. Em 1501, Gaspar Corte-Real repetiu a viagem que tinha feito à Terra Nova no ano anterior. É provável que tivesse ←xv | xvi→atravessado o estreito de Davis2, e que aí tivesse desembarcado. Perdeu-se por aquelas paragens, mas duas das suas três caravelas regressaram com indígenas e produtos da terra que tinham visitado. Passou-se o mesmo com seu irmão Miguel ao procurá-lo em 1502, regressando apenas duas das três embarcações com que tinha partido. Antes de 1519, João Álvares Fagundes explorou o golfo de S. Lourenço e as suas ilhas. Segundo um livro escrito por Francisco de Sousa em 1570, os portugueses até teriam tentado fundar uma colónia na Terra Nova numa data pouco precisa (entre 1510 e 1525) com gente de Viana do Castelo e casais dos Açores, mas sem sucesso. Seja como for, também sabemos que os navios bacalhoeiros portugueses se dirigiam até aos pesqueiros da Terra Nova no século XVI3. Os nomes adaptados para o Inglês ou Francês que ainda se empregam para denominar certos pontos da costa e das águas canadianas indicam que os portugueses foram dos primeiros a explorar aquelas paragens4, e tudo isto constitui motivo de orgulho para os luso-canadianos.

O pequeno panorama da imigração portuguesa para o Canadá que apresentamos em seguida concentra-se sobretudo nas suas origens e nos anos 70 e princípios da década 80, quando se recolheu a presente colecção.

Como se sabe, o Canadá é um país de imigrantes. Em 1978, pouco depois da nossa primeira recolha em Toronto (1976), Domingos Marques e João Medeiros afirmavam que “mais de dez milhões de imigrantes entraram no Canadá desde 1867, quatro milhões dos quais depois da Segunda Guerra Mundial”5. Em 1978, o país tinha 23 milhões de habitantes. O número de portugueses era muito reduzido antes de 19536, data que marca o início da imigração portuguesa em massa, apesar de ter havido um grupo de terceirenses que chegaram em 19527. Em 1953 vieram mais dois grupos, um em Maio, composto por 85 homens, 67 do Continente e 18 de S. Miguel8, e outro em Junho, com 102 madeirenses9. Daí em diante, o influxo de portugueses aumentou. Em 1976, ←xvi | xvii→Anderson e Higgs calculavam uns 220.000 em todo o país10. Uma brochura preparada pelo Serviço de Intérpretes para Portugueses em 1978 julga que o verdadeiro número andava perto dos 300.00011. Naturalmente, o número aumentou consideravelmente nos anos seguintes. Segundo o censo de 2016, quando a população do país já ultrapassava os 35 milhões12, havia 482.610 pessoas de origem portuguesa no Canadá: 324.930 na província de Ontario, 69.805 no Quebec e 41.765 na Columbia Britânica13. Os outros 46.110 tinham-se radicado em outras partes do país.

Como nos princípios da década de cinquenta havia uma grande falta de mão-de-obra no Canadá, os primeiros imigrantes foram contratados para trabalhar na agricultura e nos caminhos de ferro. Ao chegar, eram transportados para os pontos do país onde eram mais necessários. Oficialmente, os que se empregavam na agricultura não podiam abandonar o trabalho por um ano, mas muitos arriscaram-se a fazê-lo, fugindo aos patrões. Alguns tinham sido pequenos comerciantes, polícias ou empregados de escritório, e não entendiam nada da agricultura. Tinham-se feito passar por lavradores para poderem emigrar para o Canadá. Nos Açores, muitos trabalhavam com ferramentas antes de ir à inspecção no Consulado porque sabiam que davam preferência aos que tivessem calos nas mãos. Um desses homens, Manuel Trindade, conta: “O meu primeiro trabalho durou cinco meses num ‘farm’ (granja) de Quebec. Eu que nunca tinha tirado leite a uma vaca, logo de manhã cedo, vejo-me em frente de oitenta. Eu sabia por onde é que as vacas davam o leite, mas tirá-lo...”14.

Quase todos estranhavam a comida. Acostumados às grandes refeições portuguesas, pensavam que os patrões não os alimentavam bem, ou então achavam que o que lhes davam não era bom. Luís Ministro recorda: “De Montreal mandaram-me para um ‘farm’ em Cornwall. A mesa era farta, mas eu não gostava nada da comida. A minha salvação era um pereiro que havia lá no quintal”15. A severidade do clima também tornava a adaptação ao novo país pouco agradável. Segundo Manuel Trindade, “A vida no bosque era terrível. Frio e neve até à barba. E água não havia. Para cozinhar cortava-se um pedaço de gelo e punha-se na panela...”16. O que ainda era pior, era a falta de trabalho ←xvii | xviii→no inverno para os que tinham sido colocados na agricultura ou nos caminhos de ferro. Necessitavam de sobreviver, sustentar as famílias que tinham deixado em Portugal, pagar dívidas, e não encontravam meios para ganhar a vida. O desconhecimento das línguas oficiais, o inglês e o francês, multiplicava-lhes as dificuldades.

Silvana Arruda, uma informante de Toronto natural da Bretanha, ilha de S. Miguel17, cujo filho Manuel foi dos primeiros portugueses a chegar ao Canadá, recordou algumas experiências desagradáveis que ele lhe contara. Empregado numa “farm” de vacas, não sabia falar com o patrão, o qual lhe dava pouco de comer. Ao saber disto, um tio seu que estava nos Estados Unidos arranjou-lhe trabalho com um português, o qual também não foi mais generoso: “E de comer era ũa slaicezinha18 (fatiazinha) de pão e um ovo estrelado. Aquilo era pa um home?” Pouco depois juntou-se-lhe outro irmão. Ficaram ambos a trabalhar para o mesmo patrão, mas as coisas não melhoravam: “E ò depois ele trouxe o irmão. Quando veio, ele levou-o pra lá. Foi tamém da mêma maneira. Ele diz que –coitadinho–, qu’ia apanhar peros co’a flor no bico pa comer. Com fome. Passaro muito, muito qu’eles passaro”.

Todavia, não devemos deixar de explicar que é pouco provável que os patrões fizessem os empregados passar fome. As refeições norte-americanas são ricas em proteínas. Os imigrantes estavam acostumados a farináceos – muito pão, batatas e massas que, apesar de os deixarem fartos, não os alimentavam tão bem. Quanto ao trabalho, os que tinham sido agricultores em Portugal tiveram que se acostumar aos métodos canadianos. Outros não entendiam nada da agricultura, abandonavam os empregos sem aviso prévio no tempo das colheitas, quando faziam mais falta, e desprezavam o trabalho do campo e a maneira de viver dos lavradores, considerando-os inferiores19.

Três dos filhos de Silvana Arruda vieram por meio da imigração. Com o tempo, foram chamando o resto da família para o Canadá, incluindo a Senhora Arruda, que tinha ficado viúva quando o marido se afogara no mar. Quando foi entrevistada em 1978, dava-se por feliz por ter os seus oito filhos e três filhas nesse país.

Foi assim que as comunidades portuguesas no Canadá se foram formando. Os primeiros a chegar eram homens, que vinham em geral sozinhos. Assim que podiam, enviavam uma carta de chamada à mulher e filhos, e encorajavam os ←xviii | xix→pais, irmãos, tios e outros parentes a emigrar também, procurando reconstituir a família no Canadá. A chamada imigração em cadeia também exerceu um papel importante. Só um madeirense trouxe cerca de 200 parentes e vizinhos para o Canadá ao longo de um período de 25 anos20, e mais de 100 pessoas duma pequena freguesia do Pico viviam suficientemente perto umas das outras em Toronto para se poderem reunir frequentemente21.

De 1967 a 1973, era possível ir de visita ao Canadá e fazer um requerimento de residência depois de entrar no país. Muitos portugueses aproveitaram-se dessa situação. A imigração ilegal também se tornou um problema bastante sério, incluindo alguns portugueses, e o governo canadiano viu-se obrigado a revogar a lei que permitia que os visitantes requeressem residência permanente22. O desemprego e a inflação tinham feito que a imigração para o Canadá fosse cada vez menos promovida23.

Embora o governo tivesse a esperança de que os portugueses permanecessem na agricultura e se fixassem em zonas pouco povoadas do país, a maior parte preferiu dirigir-se para as cidades. Esse movimento verificou-se nos fins da década de cinquenta e princípios da de sessenta. Escolhiam quase sempre os grandes centros urbanos, e os que ainda se encontravam em zonas rurais trabalhavam na lavoura, construção de barragens, caminhos de ferro, nas madeiras e em minas. No Lago Erie havia alguns, quase todos oriundos da Nazaré, que se dedicavam à pesca24. Dos trabalhadores agrícolas, vários tinham-se transformado em proprietários com o decorrer dos anos. Em 1987, no Vale de Okanagan, na Columbia Britânica, muitos dos que tinham começado na colheita e nas fábricas de embalamento de frutas já eram donos de quase 25 % dos pomares25.

Nas zonas urbanas, nos anos setenta, tal como hoje em dia, os homens empregavam-se na construção civil, em fábricas, hotéis, restaurantes, e na jardinagem. Alguns dos que tinham educação secundária tornaram-se em corretores de imóveis, agentes de viagens e instrutores de escolas de condução. Grande percentagem das mulheres trabalhava para ajudar nas despesas, empregando-se em serviços de limpeza26, fábricas de têxteis, de sapatos, ←xix | xx→processamento de alimentos, oficinas de estofador, e algumas iam apanhar minhocas de noite. Entretanto, os estabelecimentos comerciais e outros negócios de propriedade portuguesa iam aumentado todos os anos. Em Toronto, o primeiro a abrir foi um restaurante, seguido de uma mercearia e de uma loja de peixe. Em Montreal, os portugueses começaram com uma mercearia27.

Em Montreal, o primeiro núcleo português estabeleceu-se na rua de Bullion, a qual, por ser das áreas mais baratas da cidade, tinha recebido imigrantes de vários países ao longo dos anos. Pouco a pouco, os recém-chegados foram-se espalhando pelo Quartier St. Louis, tornando essa área na zona de maior aglomeração portuguesa na cidade, um “pequeno Portugal” com negócios como restaurantes, mercearias, padarias, e lojas com artigos portugueses28. Como a zona se estava deteriorando rapidamente, compravam os edifícios por pouco dinheiro, mas depois renovavam-nos pouco a pouco com o seu trabalho, transformando completamente essa parte da cidade29. Quem por lá viajava, via casas bonitas com azulejos nas entradas, e com jardins e quintais bem cuidados. Contudo, depois de alcançarem um nível económico mais desafogado, muitos foram-se mudando para zonas no norte da cidade30.

Os primeiros que se fixaram em Toronto encontraram muitas dificuldades devido ao custo de vida ser aí mais elevado do que nas zonas rurais. Como precisavam de economizar para pagar as dívidas e mandar vir as mulheres e filhos o mais depressa possível, alguns chegaram a alugar uma cama por oito horas, a qual podia assim ser utilizada três vezes num período de vinte e quatro horas31. Logo que conseguiam poupar dinheiro suficiente para dar uma entrada inicial, compravam casas na área de Alexandra Park, uma das zonas mais antigas de Toronto, a qual havia servido de moradia a imigrantes judeus, ucranianos, polacos, italianos e húngaros32. Quando a área começou a ser demolida devido a um projecto de renovação urbana, os portugueses mudaram-se para a zona de Kensington Market. Renovaram as casas de dois ou três andares pouco a pouco com a ajuda de parentes e amigos, substituindo o uniforme tijolo vermelho com cores garridas e, por vezes, construindo fachadas completamente novas. Tal como em Montreal, decoravam as entradas com azulejos com a imagem de ←xx | xxi→Nossa Senhora de Fátima e de Santo António de Lisboa, enchiam os pequenos jardins de flores, e plantavam vinha e hortaliças nos quintais.

O “pequeno Portugal” de Toronto era sobretudo uma zona residencial, com estabelecimentos situados principalmente nas ruas College, Dundas e Bloor. Os portugueses tinham as suas próprias agências imobiliárias, mercearias, padarias, cafés, lojas de vestuário e de mobílias, lojas com artigos portugueses, restaurantes e agências de viagens. Também tinham as suas próprias igrejas. Em 1976, 1978 e 1984, quando lá estivemos, a maior concentração de negócios era na Avenida Augusta e arredores. O antigo mercado judeu que lá estava tinha-se transformado num mercado português33. Preferiam a comida bem fresca. O peixe chegava a nadar em camiões com tanques de água, e vimos vender coelhos e galinhas ainda vivos. Com o tempo, a maioria foi-se mudando à medida que chegavam imigrantes doutras terras, especialmente da China, do Caribe, e da América Latina. A última vez que estivemos na Avenida Augusta, em 2019, o restaurante Amadeu parecia ser o único negócio português.

O “pequeno Portugal” de Toronto e o de Montreal não eram os únicos. Existiam centros semelhantes em Vancouver, Winnipeg e Edmonton. Ao fim e ao cabo, os portugueses tinham formado comunidades independentes e auto-suficientes34. Isto tinha muito de positivo mas, por outro lado, “essa segregação tem sido uma barreira para a integração dos imigrantes de primeira geração na sociedade canadiana. Em 2001, os luso-canadianos estavam entre os grupos mais segregados nessas cidades”35.

Os costumes trazidos de Portugal eram conservados em casa. Havia quem fizesse o seu próprio vinho e o desse orgulhosamente a provar aos vizinhos. Não faltava comida portuguesa nas mercearias e nas padarias, incluindo linguiça, chouriço, morcela, pastéis de nata, pastéis de bacalhau, rissóis e pão português, incluindo papos sacos. Os costumes eram conservados na medida do possível ao nível comunitário. Os açorianos de todas as ilhas esforçavam-se por manter viva a sua devoção ao Senhor Espírito Santo. Em 1978 tivemos a oportunidade de ver a fachada da igreja de Santa Inês (Saint Agnes) belissimamente iluminada em Sua honra, assim como o cortejo que acabou por se dirigir para ←xxi | xxii→o Bellevue Park, conhecido pelos portugueses como o “Parque dos Italianos”, e a festa que lá se fez. Os micaelenses continuavam a honrar o Senhor Santo Cristo dos Milagres por meio de procissões nas ruas de Toronto, assim como o Senhor da Pedra. Os madeirenses organizavam a festa de Nossa Senhora do Monte no Parque da Madeira (Madeira Park). Proliferavam as sociedades de ajuda mútua e de recreio, os clubes e as equipas de futebol. Também havia vários grupos folclóricos, e no dia 10 de Junho de 1978 um programa português de rádio descrevia a grande festa que se estava a levar a cabo para comemorar o Dia de Portugal, conhecido também como o Dia de Camões.

Como acabamos de ver, uma grande parte das festas era de carácter religioso. A igreja católica continuava – e continua – a ocupar um lugar de relevo na vida de quase todos os imigrantes. As primeiras missas portuguesas começaram em meados da década de cinquenta36 na Catedral de São Miguel (Saint Michael) graças a um franciscano americano que tinha trabalhado no Brasil. Daí os serviços religiosos passaram para Santa Isabel (St. Elizabeth), sendo transferidos em 1957 para a igreja de Santa Maria (St. Mary), a qual veio a ser a primeira paróquia portuguesa em Toronto. As outras paróquias eram Santa Inês (St. Agnes), Santa Cruz (Holy Cross) e Santa Helena (St. Helen). Também era celebrada missa portuguesa em S. Sebastião (St. Sebastian), S. Pedro (St. Peter) e Santo António (St. Anthony). Em 1975, havia um total de treze padres portugueses ao serviço da comunidade37.

Embora se saiba que a maioria dos portugueses do Canadá é de origem açoriana, especialmente de S. Miguel, é difícil descobrir a sua origem em proporções exactas. Segundo as estatísticas oficiais portuguesas referentes ao período de 1953 a 1964, 38,2 % tinham vindo do Continente, 59,8 % dos Açores, e 2 % da Madeira38. Em 1978, Marques e Medeiros calculavam que a percentagem dos açorianos aumentara para cerca de 65 %39. Também havia um número reduzido de goeses, macaenses e cabo-verdianos.

Os continentais eram – e continuam a ser – sobretudo do Norte do país: Minho, Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Litoral, Estremadura. Havia quem falasse duma certa fricção entre continentais e açorianos, especialmente ←xxii | xxiii→os da ilha de S. Miguel, devido ao sotaque com que se fala naquela ilha40, mas também não havia falta de bairrismo entre os ilhéus, e por vezes até entre pessoas de freguesias diferentes. Este bairrismo, infelizmente, diminuía a união necessária para aumentar a participação política da comunidade41.

A região de origem tinha algo a ver com as preferências ocupacionais. Havia mais continentais no Norte e em zonas isoladas do país, ao passo que os açorianos preferiam radicar-se nos grandes centros urbanos42. Muitos continentais tendiam a empregar-se na construção, uma indústria sindicalizada, e em ocupações relativamente bem pagas; os ilhéus pareciam aceitar trabalhos menos bem remunerados43. Em suma, somos produto do meio em que somos criados, e a verdade é que, em termos gerais, tanto o maior desenvolvimento do Continente como o isolacionismo ilhéu se reflectem na imigração.

Várias organizações de assistência social da cidade tratavam de ajudar com pessoal de língua portuguesa e algumas delas, como o Centro Comunitário Português, o Serviço de Intérpretes para Portugueses, o Departamento de Português do West End Y.M.C.A. e o Centro Paroquial Português dedicavam-se exclusivamente à nossa comunidade. Para dar uma ideia da tarefa levada a cabo por estas organizações, basta dizer que, em alguns anos, mais de 2.000 empregos tinham sido conseguidos através da última citada44.

Havia vários jornais e programas de rádio e televisão em Português45. Os pais que queriam que os filhos aprendessem melhor a sua língua tinham a possibilidade de mandá-los para uma das escolas portuguesas que ministravam o equivalente à 4.a classe à tarde e nos fins de semana. O governo português auxiliava essas escolas por intermédio do Consulado. A mais importante era a Escola Mista Oficial de Português de Toronto, a qual tinha sido organizada pelo First Portuguese Canadian Club. Em 1974, contava com um total de 600 alunos e doze professores46. Em 1978, Domingues Marques e João Medeiros escreviam que “aulas de língua portuguesa estão sendo oferecidas a cerca ←xxiii | xxiv→de 4.160 crianças nas escolas católicas e a cerca de 800 nas escolas públicas. A nível liceal há duas escolas secundárias oferecendo a disciplina de Português”47. Apesar destes esforços, o Português falado no Canadá continuava a ser permeado por um número crescente de anglicismos: As pessoas iam aos stores (mercearias), pagavam os bills (as contas), usavam o snowshovel (pá para remover a neve), e apanhavam o streetcar (o eléctrico)48.

Infelizmente, devido à mentalidade trazida da mãe-pátria, a desistência escolar era um problema muito grave. Como se sabe, o governo de Salazar, Presidente do Conselho e Primeiro Ministro e ditador em Portugal durante 36 anos (1932-1968), não proporcionava mais do que 4ª classe, e a escola era obrigatória só até à 3ª. Os liceus estavam nas cidades, era preciso pagar livros e propinas e, além disso, os que eram oriundos do campo também tinham que pagar cama e mesa. Por essa razão, a vasta maioria dos imigrantes chegados antes da Revolução de Abril (1974) só tinha uma educação primária bastante incompleta, e havia muitos analfabetos entre os mais idosos. Ainda pior, a política do governo português, perpetuada por várias gerações, tinha criado uma mentalidade negativa em relação à educação. Como os pais tinham saído da escola por volta dos dez ou onze anos, não compreendiam por que os filhos deveriam aproveitar as oportunidades oferecidas pelo sistema escolar canadiano, o qual era obrigatório até aos dezasseis anos49. Se era possível ganhar bom dinheiro sem um diploma de liceu, porquê matar a cabeça e perder o tempo com estudos? Tendo sido criados nesse tipo de ambiente, os mais novos também pouco se importavam com a escola. Em Toronto, o nível de desistência dos luso-canadianos, apesar de ter melhorado, ainda chegava aos 34 % em 2011, sendo mais elevado do que o de todas as outras nacionalidades; apenas 66 % acabavam o ensino secundário, o que era 10 % menos do que o resto da população (76 %)50. Em 2009, 25 % dos habitantes de Toronto tinham um diploma universitário; entre os portugueses, a proporção baixava para cerca de 5 %51. Como consequência, ganhavam menos do que a média, estavam sub-representados nos sectores políticos, económicos, sociais e culturais52, e tudo isto acabou por criar uma imagem negativa da comunidade.

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Por outro lado, como os portugueses eram – e são – honestos e trabalhadores, o nível de pobreza era muito baixo, e 70 % tinham adquirido casa. Os que queriam residências mais amplas com quintais maiores foram-se mudando pouco a pouco para os arredores, especialmente para as vizinhas cidades de Brampton e Mississauga. Em 1971, os portugueses representavam 31 % do “pequeno Portugal” de Toronto; em 2006, a percentagem tinha baixado para 6 %. Entretanto, nas mesmas datas, a população portuguesa de Mississauga tinha subido de 1.415 para 24.70053. Segundo o censo de 2016, tinha aumentado para 34.03554. Construíram duas novas igrejas católicas, e a sua situação sócio-económica era já consideravelmente superior à da primeira geração. Passou-se o mesmo em Brampton. Segundo o recenseamento de 2016, “viviam nessa altura na cidade 10.590 portugueses, mas calcula-se que hoje são mais de 20 mil”55.

Os canadianos criticavam por vezes o isolamento da comunidade portuguesa, a qual na sua opinião pouco se esforçava por integrar-se no meio que a rodeava56. Diziam que a preocupação principal do imigrante era poupar dinheiro57, e que a sua participação na vida do país era mínima, por não tentarem compreender a sociedade que o tinha recebido. No fim de contas, não eram canadianos nem eram portugueses.

Devido à baixa escolaridade e à repressão salazarista, a participação cívica da primeira geração era mínima, e a comunidade era considerada praticamente “invisível” desde um ponto de vista político. A situação começou a mudar a partir de 1980. Como explica Irene Bloemraad, “Entre 1980 e 2005, dezenas de luso-canadianos candidataram-se a cargos em todos os níveis de governo na grande Toronto e alguns deles obtiveram sucesso. Pelo menos sete foram eleitos para os conselhos escolares locais, dois para o governo municipal, dois como membros do parlamento provincial e, em 2004, os residentes de Toronto elegeram o primeiro membro português do Parlamento federal”58.

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Por outras palavras, a comunidade já é bem visível, não só em Toronto, mas ao longo de todo o país. Mais recentemente, Ana Bailão foi membro do conselho municipal de Toronto (2010 a 2018). Charles Sousa foi Ministro das Finanças da província de Ontario (2013-2018). Carlos Leitão foi nomeado Ministro das Finanças de Quebec em 201459. Em Outubro de 2020, a juíza Cidália Conceição Gouveia Faria foi nomeada para o Tribunal de Justiça de Ontario60.

Hoje em dia, os luso-canadianos encontram-se representados em todas as profissões: há professores e catedráticos, cientistas, escritores, empresários, gerentes de empresas, atletas, advogados, engenheiros, artistas de cinema, e músicos famosos como Hernâni Raposo, Shawn Mendes e Nelly Furtado61. Depois de anos de auto-isolamento, a comunidade portuguesa integra e faz-se representar, finalmente, como parte efectiva da sociedade canadiana.

Details

Pages
LXXXIV, 574
Year
2022
ISBN (PDF)
9781433190315
ISBN (ePUB)
9781433190322
ISBN (MOBI)
9781433190339
ISBN (Hardcover)
9781433190278
DOI
10.3726/b18604
Language
Portuguese
Publication date
2022 (March)
Keywords
Folklore folktales immigration tale types motifs Lusophone Hispanic Sephardic literature regionalisms archaisms
Published
New York, Bern, Berlin, Bruxelles, Oxford, Wien, 2022. LXXXIV, 574 pp.

Biographical notes

Manuel da Costa Fontes (Author)

Manuel da Costa Fontes, Professor Catedrático Emérito, é especialista nas literaturas ibéricas da Idade Média e do Renascimento, com ênfase no Romanceiro e nas relações entre o folclore e a literatura. O seu último livro, El Arte de la subversión en la España inquisitorial, foi publicado em 2018. Manuel da Costa Fontes, Professor Emeritus, is a specialist in Iberian literatures from the Middle Ages and Renaissance, with emphasis on traditional Portuguese ballads and the relationship between folklore and literature. His latest book, El Arte de la subversión en la España inquisitorial, was published in 2018.

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Title: Contos Populares Portugueses do Canadá / Portuguese Folktales from Canada
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